quarta-feira, 20 de maio de 2015

Olympe (Rio de Janeiro - RJ) - 10/03/2015

(Fonte: Site da GNT)

Uma das coisas que mais gosto de fazer junto com minha mãe é assistir a programas de culinária. Entre as várias opções disponíveis hoje em dia, acho que os que mais gostamos são os do chef francês Claude Troisgros. Imagino que todo mundo que tem o canal GNT em casa já deve ter visto a cara dele, que quase sempre está rindo como na foto acima. Por isso, quando minha mãe me deu de presente de Natal um vale-compras da Mastercard® (olha o merchan!) no valor de 350 reais, eu pensei na hora: vou gastar no Claude! Já estávamos com viagem marcada ao Rio de Janeiro, portanto fiz nossa reserva no Olympe, o principal restaurante comandado pelo francês. Fica na esquina de uma rua tranquila no bairro Jardim Botânico. A fachada é bem discreta, com tijolinhos à vista, uma portinha e logo acima uma placa em marrom grafada "Olympe", indicando que você chegou ao lugar certo.

Belezinha de fachada, e com lugarzinho pra belezinha da fumante

Claude não chega a ser um ídolo, título que dedico apenas aos quatro Beatles e alguns poucos outros, mas é um cara que admiro bastante. Portanto, não foi sem emoção que adentrei aquele recinto ao lado da Chris. Fomos acomodados em uma mesa bem pertinho da porta. Ambiente pequeno, à meia-luz. Sem grandes invenções ou arroubos criativos na decoração. Sóbrio e clássico. Quem fica encostado na parede se acomoda em um sofá, e quem fica do lado oposto fica na cadeira, que também é confortável. Pena que havia uma mesa muito próxima da nossa, e quando ela foi ocupada esta proximidade chegou a incomodar um pouco. Também chama a atenção a cozinha envidraçada, possibilitando aos convivas observarem toda a movimentação dos cozinheiros.

Isso é chique demais procê, menino

Assim como no Fasano - o outro "chiquetê" que visitamos no Rio - o Olympe também nos mimou com uma entradinha não solicitada e não cobrada. Assim como no outro caso, era entradinha com ênfase no "inha". E bastante inusitada: sorvete de abóbora com carne seca. E não é que estava gostoso? Quem imaginaria...

Não vá se empanturrar, menina

Para a entrada propriamente dita dividimos um crepaze (R$ 58,00), mousse de agrião recheada com queijo gorgonzola enrolada em panqueca crocante, encimada com folhas de baby rúcula. A tal crosta de panqueca se assemelhou mais a um suflê para mim, e Chris se lembrou de omelete. De qualquer forma, nós dois gostamos muito. Eu adorei o amarguinho que a rúcula deu ao prato, deixando-o bem equilibrado, uma vez que o agrião perdeu seu sabor forte quando transformado em mousse.

Nosso matinho

Para os pratos principais o menu é dividido em duas partes: "A tradição" e "A criação". O primeiro deles traz pratos que fazem sucesso no Olympe há muitos anos, e o outro traz invenções mais recentes de Claude e de seu filho Thomas Troisgrois. "A criação" só está disponível no Menu Degustação, em que a pessoa escolhe 4 pratos e mais uma sobremesa, e paga um valor fixo de 350 reais por pessoa. Existe também a opção chamada de Menu Confiance que, como o nome indica, exige que o visitante confie no chef, que vai usar os melhores produtos do dia para montar uma refeição completa. Esta opção custa 380 reais. Embora eu já soubesse que iríamos exceder o valor do vale-presente dado por minha mãe, não dava pra exceder tanto assim. Por isso ficamos com "A tradição", que traz pratos à la carte, com preços mais acessíveis, embora dos oito disponíveis apenas três apresentassem preços com menos de três dígitos.

Chris pediu o Boeuf (R$ 108,00), filé mignon em crosta de alecrim e pimenta verde, galette de batata Anna e molho bordelaise. A tal galette de batata Anna é algo semelhante a uma pequena torta de batata. Simples assim. A apreciação da Chris passou por momentos diferentes. Quando chegou o prato, ela achou que seria pouco. Quando ela começou a comer e adorou, achou que seria muito pouco. Mas quando o molho bordelaise se tornou enjoativo, ela começou a achar que era muito. Mas isso não a impediu de ter amado a crosta do bife, e de ter elogiado seu ponto mal passado, do jeito que ela gosta. Também gostou das batatinhas com seu nome, embora tenha achado que algumas ficaram um pouco cruas.

"Tira logo a foto que eu quero comer!"

Eu escolhi a Caille (R$ 115,00), codorna recheada com farofa de cebola e passas, acelga confit, acompanhada de molho agridoce. Uma coisa de gemer até o fim dos dias. Três codorninhas, com o crocante da pele contrastando com o cremoso recheio, e o molho agridoce dando um toque...como dizer...agridoce à coisa toda. Um prato perfeitamente equilibrado. Eu estava comendo e já pensando que seria a primeira nota dez em prato principal desde que iniciamos o blog. Até que, na terceira codorna, que eu devorava vorazmente, um ossinho chato deu uma atrapalhada na experiência. Mordi-o com força. Claro que o dez se foi pelo ralo. Ainda assim fiquei bem triste quando terminei de comer. Poderia continuar comendo aquilo por mais alguns dias.

É tão bom que vai com osso e tudo

Quando o garçom veio recolher os pratos, perguntou se estava tudo bem, e se tínhamos gostado. Falei sobre o ossinho, e ele se retirou, voltando pouco depois dizendo ter relatado o caso ao chef. Este disse ser normal encontrar ossos nas patas da codorna. Eu disse que tudo bem, que não tinha atrapalhado a experiência. Não quis criar caso por causa daquilo. Mas é claro que não era pra ter osso nenhum na codorna de 115 reais.

Para a sobremesa existem oito opções, todas pelo preço fixo de 32 reais. Decidimos que cada um de nós iria comer uma, ao invés de dividir como normalmente fazemos.

Chris escolheu o brulée e chocolat, que veio com creme brulée, mousse de chocolate apimentada e palito de doce de leite. Apresentação bem pobrezinha, com uma cumbuca para a mousse, outra para o creme, e o palito no meio. Chris achou o palito bem gostoso. Não sentiu a tal pimenta na mousse, que também veio com muito chantilly. Quanto ao creme brulée, estava com a casca muito dura, e quando a Chris forçava a colher para quebrá-la, esta batia na louça, fazendo um barulho não muito agradável em um ambiente silencioso de um restaurante chique. Mas o sabor, que mais importava, estava bom.

Né? Podia ser melhor.

Eu escolhi o crepe passion, sobremesa que tem o epíteto "Especialidade desde 1982" escrito no cardápio. Ou seja, existe desde que o restaurante foi inaugurado. Trata-se de uma panqueca suflê caramelizada, acompanhada de calda de maracujá. A panqueca estava bem delicada e cremosa, com sabor suave. A calda de maracujá acabou dominando a receita, no fim das contas. Achei que faltou um pouco de equilíbrio.

La passion

Acompanhamos tudo com um vinho da família Troisgros, chamado Sérol, da uva gamay, safra de 2013 (R$ 114,00). O engraçado foi que eu chamei o sommelier pra ele nos dizer se o vinho combinaria com os dois pratos, mas o fiz já decidido a comprar aquela garrafa, já que coleciono rótulos e aquele cairia muito bem na minha coleção. O sommelier disse que o vinho só harmonizaria bem com o meu prato, e não com o da Chris, mas eu pedi assim mesmo! Que grande pateta. Pra que perguntar se já sabia que ia pedir? Chris me perdoou, boazinha que é.

Difícil reclamar de algo sobre o serviço. Sempre atento, solícito, mas sem exagerar nas formalidades. Nos foi explicado como funciona o cardápio antes de fazermos nossos pedidos e houve celeridade (até excessiva) em preencher nossas taças de vinho quando estas se esvaziavam. Os garçons se permitem alguma brincadeira, são simpáticos na medida certa. Tá certo que eles puxam sua cadeira quando você volta do banheiro, o que me deixa um pouco desconfortável, confesso. Mas faz parte do jogo. A água foi reposta o tempo todo, e ao final não veio nada cobrado, ao contrário do Fasano Al Mare, que nos cobrou uma unidade (mesquinhos!).

Além de tudo já dito sobre o serviço, tivemos dois mimos: o já citado sorvete de abóbora na chegada, e uma travessa com quatro pares de pequenos docinhos ao final. É muito chamego. Observamos outras mesas fechando a conta e não notamos a tal travessa, o que nos fez desconfiar que ela veio como um pedido de desculpas por conta do maledeto ossinho na codorna. Se foi por isso, ótimo. Se não foi, melhor ainda. Já estávamos bem satisfeitos, mas comemos todos os docinhos, que eram bem gostosinhos.


Seria um pedido de desculpas? Aceitamos!

O preço é caro. Não precisa de calculadora para saber que tivemos que desembolsar uma parte da conta, já que o presente de mamãe não cobriu o valor total. Sem o vale-presente certamente teríamos que escolher entre o Fasano ou o Olympe para irmos, já que nosso orçamento não comportaria as duas refeições. Apesar disso, tivemos momentos de intensa alegria e prazer durante a refeição, o que fez ambos pensarem que valeria a pena uma segunda visita ao restaurante do chef Claude. Embora ele não estivesse no restaurante na noite de nossa visita, na próxima vez que o virmos na TV podemos dizer que já provamos de sua comida. E, olhando pra tela, dizer bem metidos: "Claude, presta atenção no ossinho!".

AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 7
Serviço(2): 9 e 10
Entrada(2): 9 e 8
Prato principal(3): 8 e 9
Sobremesa(2): 7 e 7,5
Custo-benefício(1): 7 e 7
Média: 7,75 e 8,25
Voltaria?: Sim e sim


Serviço:
Rua Custódio Serrão, 62 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2539-4542
Site: http://olympe.com.br/


Um comentário:

  1. Que vergonha! Um presente que não pagou a conta!

    Também, quem mandou criar meninos com bom paladar?

    Adorrrei! Um dia também vou no Claude.

    Adorrro também assistir programas de culinária com você.

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