sexta-feira, 10 de abril de 2015

Parador Valencia (Petrópolis - RJ) - 28/02/2015

(Este texto foi escrito na volta da nossa viagem de férias, ou seja, depois de algumas semanas da ida ao restaurante, baseado em nossas anotações, fotos e memórias. Alguns detalhes podem ter se perdido no tempo e no espaço)  

"Rua Celita de Oliveira Amaral". Foi isso que dissemos à Amélia quando queríamos chegar ao restaurante Parador Valência, em Petrópolis. Explica-se: Amélia foi o nome que eu e Chris demos ao nosso GPS, que já tinha nos ajudado por tantas vezes nesta viagem. Mas nesta noite ela resolveu sacanear. Nos mandou pra um fim de mundo, um lugar onde eu acho que poucos petropolitanos já foram. Demos com a cara em uma chácara, e Amélia disse "você chegou ao seu destino". Não Amélia, não chegamos. Quase desistimos de ir ao restaurante, mas depois descobrimos que já tínhamos até passado bem pertinho dele. Fica de fato em uma ruazinha bem complicada, e inclinada, com acesso pela Estrada União e Indústria. Melhor ir sem GPS, na base do "perguntômetro".

A primeira coisa que notamos ao entrar no restaurante foi uma certa confusão visual. A decoração tem de tudo, desde um bilhete do Museu Picasso até um quadro que mostra índios assando seres humanos para o almoço, o que não nos pareceu muito adequado, sem entrar nos méritos artísticos do quadro. Há também vários pratos da Boa Lembrança pelas paredes (já falei da Associação dos Pratos da Boa Lembrança algumas vezes neste blog), e também quadros com as estrelas que o restaurante costumava receber do Guia 4 Rodas no início dos anos 2000, coisa que não acontece mais. Fomos bem recebidos pela Fernanda, que se apresentou pelo nome e se colocou à disposição. Durante toda a noite apenas mais uma mesa se manteve ocupada, e isto em pleno sábado.


Uma certa "bugunça"

Para a entrada pedimos pães diversos com alho (R$ 14,00). O alho vem inteiro, mergulhado no azeite, como se fosse em conserva, e sem muito gosto de alho. Mas não podemos dizer que Fernanda não nos avisou, já que ela disse que o alho não vinha com gosto muito forte. Veio uma boa variedade de pães e torradas. Mas como o alho estava inteiro, ficava meio difícil juntar um com o outro. Mas isso não seria problema se estivesse muuuuito gostoso. Não estava. E veio feinho, feinho.


O melhor aí foi essa Bohemia

No cardápio há uma seção dedicada apenas às paellas, outra à carnes e outra aos frutos do mar. Chama a atenção também o cochinillo segoviano, que deve ser encomendado na véspera, e se consiste no leitão assado com duas semanas de vida. Serve 4 pessoas e custa R$ 500,00. Em seu aspecto físico o cardápio acompanha um pouco a confusão do restaurante, já que há até correções feitas à caneta, sem muito cuidado. Além disso, pesa contra o fato de ele ser um pouco desleixado, parece feito por alguma amador.



Bem xumbrega

Chris não estava afim de frutos do mar, e escolheu para seu jantar a costelinha de carneiro com cuscuz marroquino e geléia de manga com gengibre (R$ 82,00). Vontade de comer não dava muito não. As costelinhas meio mal-ajambradas, um cadinho de cuscuz, e um cadinho menor ainda de geléia. Geléia esta que a Chris julgou ser a melhor coisa do prato, disse que combinou bem com o carneiro, carneiro este que não estava muito temperado. Bem, se a geléia foi o melhor do prato, alguma coisa certamente estava errada.

Costelinhas assim meio jogadas

Meu prato foi lula em tiras ao açafrão e alho, acompanhada de purê de favas com chouriço e especiarias (R$ 82,00). Apresentação mais apetitosa que a da Chris, embora também não tenha sido uma beleza. Já o sabor estava bem melhor. Jamais pensaria em juntar lula com purê de favas e chouriço, mas não é que ficou bem interessante? Algumas pimentas biquinhos ajudaram a dar um saborzinho a mais, e uma agradável piscininha de azeite se formou por baixo, rendendo garfadas untuosas, mas muito saborosas.


A lula bem amarela por causa do açafrão

Para a sobremesa, solicitamos ajuda da Fernanda para saber o que era o crema catalana (R$ 18,00). Ela disse que era uma espécie de crème bruleé espanhol, mas cuja camada de açúcar caramelizado não era feita com maçarico. Bem, resolvemos experimentar. Não foi sucesso. Havia algum amargor  na camada de açúcar, e o creme em si era bem sem graça. Totalmente esquecível.



"Hmmm, deve estar uma delícia". Só que não.

O que nos pareceu é que o Parador Valencia é um restaurante em decadência. Já viveu seus dias áureos, foi estrelado pelo Guia 4 Rodas, e hoje vive da fama que conquistou. É certo que muito da fama vem de suas paellas, que acabamos não experimentando, mas tudo que pedimos estava no cardápio, então supõe-se que sejam receitas testadas e aprovadas. Fernanda, que nos atendeu, sumia de vez em quando, e não entendíamos bem o porque, sendo o restaurante tão pequeno e com tão poucos clientes. Lendo a história do estabelecimento em sua página na internet, descobri que ela é a chef de cozinha do lugar. Estão explicados seus sumiços. E escancarada a decadência: em um sábado à noite, nenhum funcionário foi escalado para ser garçom, ficando a chef, que é casada com Vicente Más (fundador e dono do restaurante), encarregada de atender o salão.

Por conta de todos os problemas citados, e os erros em quase tudo que foi apresentado, claro que eu e Chris chegamos à conclusão de que não valeria a pena uma volta ao Parador Valencia. Se a paella é o carro-chefe da casa, ou os frutos do mar em geral, que ele se assuma como tal, e deixe de servir outras coisas no cardápio. Ah, e dar uma melhorada no aspecto físico do mesmo também não faria mal algum...



AVALIAÇÕES (Primeira nota da Chris, segunda nota do Fê; ao lado do quesito está o peso dele na média final):

Ambiente(2): 6 e 6
Serviço(2): 7 e 8
Entrada(2): 5 e 5
Prato principal(3): 5 e 7,5
Sobremesa(2): 5 e 4
Custo-benefício(1): 4 e 6
Média: 5,41 e 6,20
Voltaria?: Não e não

Serviço:
Rua Celita de Oliveira Amaral, 189 (acesso pelo número 11.300 da Estrada União e Indústria) - Itaipava - Petrópolis - Rio de Janeiro
Telefone: (24) 2222-1250/2222-4767
Site: http://www.valencia.com.br/

Facebook: Parador Valencia

3 comentários:

  1. Será que a Fernanda também herdou uns "cacarecos" de alguma "tia maluca"?!...kkkkk...

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  2. Acho que valeu pelo Prato da Boa Lembrança, mas eu não comeria lula ou Calamares em |Tiras como vem escrito no prato. Esse Parador não me pararia.

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